Práticas narrativas para falar sobre nossos territórios
Em tempos de extrativismo, desapropriação e devastação, narrar nossas lutas de defesa territorial de formas preferenciais, torna-se fundamental não apenas para resistir, senão também para continuar existindo.
Nos territórios pelos quais lutamos, sabemos da importância das histórias. Sempre soubemos. Reconhecemos o valor da palavra, da conversa, do que se relata nas cozinhas das casas, aquilo que que os avós nos contavam, o que as avós nos contam. Ainda estamos aqui, graças às histórias que nos sustentam.
A partir das práticas narrativas, reconhecemos esse valor ancestral dos relatos. Acreditamos que a forma como uma pessoa, grupo, comunidade, território conta sua história surte efeito na sua capacidade de habitá-lo. A forma como contamos nossa história contribui para cultivar as vidas que precisamos e queremos criar.
As histórias importam. No entanto, nem todas as histórias têm o mesmo espaço de existência. Há histórias que são narradas a partir do Poder e têm muito espaço: Desenvolvimento diz que sabe o que teria que acontecer em nossos territórios para “progredir”. Sabemos que não é disso que precisamos.
As práticas narrativas procuram que A GENTE se narre como pessoas, grupos e comunidades em luta, organização e resistência, a partir de nós mesmos, realizadores dessas lutas. Assim, em conversas entre pessoas defensoras do território nos perguntamos:
De que território viemos?
Por que nosso território é importante?
Que intenções, sonhos, desejos e esperanças temos para o nosso território?
Que sonhos nosso território tem para o nosso futuro?
Que sementinhas temos plantado nesta luta?
O que temos colhido nesta luta?
Se nosso território nos aconselhasse nessa luta, o que ele nos diria?
Sendo assim, recuperamos o poder de narrar a nós mesmos de jeitos que nos fortalecem. Desta forma, as conversas semeadas pelas práticas narrativas querem florescer em lutas que continuam a nos sustentar e nos permitem re(x)istir.
Este texto, assim como as conversas que deram forma à campanha de La Sandía Digital (Melancia Digital) Juntas Conseguimos Maise os exercícios desta seção foram elaborados por Andrea Ortega del Colectivo de Prácticas NarrativasOs exercícios foram criados para grupos de mulheres, mas podem ser adaptados para grupos mistos.